quarta-feira, 3 de abril de 2019

Esteva

Uma flor vulgar que se desenvolve no interior!
Tão vulgar e repleta de propriedades medicinais tão úteis ao seu corpo!

A flor de Esteva

A flor que constrói é o cartão de visita e não só. Para muitos, é a única forma de distinguir estes arbustos de outros similares.
Forma-se rapidamente, e rapidamente morre. A parte boa é que no curto período do ano em que floresce, por volta de Abril, está em constante reprodução. Num dia, aparecem na parte baixa dos arbustos para morrerem no dia seguinte. Mas no dia seguinte, aparecem na parte de cima dos arbustos, com o seu fatal destino traçado à nascença também.
Nesse curto espaço temporal de vida, a flor divide-se em cinco. Uma mão de pétalas cheias de branco que podem ou não ter mancha de tons arroxeados junto ao receptáculo, formando algo muito semelhante a uma estrela. Eu preferirei sempre essas, sem querer tirar o encanto das outras, que se reduzem a duas cores: alvas na parte exterior, amarelas no seu centro, como se de um ovo estrelado perfeito se tratasse.
A respeito dela, conta-se uma lenda religiosa que a liga à história primordial do cristianismo. Segundo esse enredo, quando Cristo carregava a sua cruz sobre si, subindo o Calvário, muitas estevas andavam por perto, floridas nos matagais. O sangue que Jesus ia deitando, causado pela pressão da coroa de espinhos que foi forçado a usar, ia sendo derramado pelas estevas que lá se encontravam, representando as cinco manchas da flor de Esteva as cinco chagas de Cristo. E para as Estevas de seis pétalas – que também as há -, justificaram com o choro de Nossa Senhora, que seguia atrás, e deitava lágrimas de sangue dos olhos, pintando assim a sexta folha da corola que faltava.
Uma lenda dramática que é conivente com uma particularidade trágica sua: a flor de Esteva morre mal é colhida – as pétalas evadem-se mal se dão conta que lhes cortaram o canal que as liga ao solo.

Usos da Esteva

Convém dizer, dando palavra a quem vive da agricultura, que nem sempre a Esteva é amada. O ordenamento da terra pelo homem é, diversas vezes, estragado pelos impulsos desta planta que gosta de invadir zonas destinadas ao cultivo. Mas excluindo isso, são bem mais as vantagens que se tiram dela.
A maior, responsável por uma certa parte da industria da perfumaria francesa, prende-se com a extracção do lábdano, uma resina que, entre outras maravilhas de carácter medicinal, é utilizada para fixar determinados cheiros nos perfumes, aromatizar sabões, ou produzir óleo ligado às massagens.
Por outro lado, as pétalas da flor que de lá brota são de curtíssima duração, mas no prazo de um dia podem ser comidas e combinam bem, até pela estética, em saladas. E na gastronomia, o mel que é feito do seu pólen é gabadíssimo pelos apicultores do mundo mediterrâneo.
Por fim, há sempre quem as queira apenas como motivo decorativo, a ornamentar jardins e terraços por este país fora, o que, por si só, já diz muito do seu encanto.

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